Silagem de milho: Conheça o histórico agronômico do híbrido

Thiago Fernandes Bernardes
Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras.
E-mail: thiagobernardes@dzo.ufla.br

 

O manejo da cultura do milho não é um dos mais complexos frente as outras culturas agrícolas plantadas no nosso país. Obviamente, a cultura do milho apresenta determinados entraves, mas agricultores não têm enfrentado sérios problemas ao conduzi-la. Contudo, o cenário vivido por muitos pecuaristas tem sido um pouco mais sombrio. Por que? Ocorre que muitas fazendas zootécnicas não possuem equipamentos especializados e mão-de-obra treinada para manejar o milho durante a fase agronômica. Somado a estes problemas, existe também a falta de foco para esta etapa. Ou seja, discute-se muito sobre os aspectos nutricionais da silagem de milho e muito pouco (quase nada) sobre o agronômico.  

 

Embora os híbridos transgênicos represente a maioria das nossas lavouras, muitos deles necessitam de aplicação de inseticidas ao longo do ciclo, conforme pode ser visto na Figura 1. Por outro lado, algumas pragas não tem controle estabelecido e, desse modo, não há o que fazer (Figura 2). Muitos híbridos também são susceptíveis às doenças de final de ciclo e necessitam de fungicidas (Figura 3). Em muitas áreas, principalmente onde não há plantio direto, as plantas daninhas infestam a cultura e, desse modo, há a necessidade de herbicidas.

 

Quanto ao programa de fertilização, há a adubação de plantio e, posteriormente, as fertilizações de cobertura, as quais apresentam períodos pré-determinados para serem realizadas. Todos esses aspectos agronômicos (controle de pragas, doenças, plantas daninhas e fertilização) devem ser desempenhados durante o período que mais chove na região central do país. Ou seja, nem sempre que uma praga precisa ser controlada ou um herbicida ser aplicado o manejo ocorrerá, pois há interferência do clima.

 

Então, silagem de milho com alto valor nutricional e custo reduzido acaba sendo para poucos. No ambiente zootécnico, criou-se um hábito de discutir sobre a silagem de milho, a qual é uma forragem, como se ela fosse um ingrediente concentrado. Muitos nutricionistas que prestam serviço de formulação de dietas simplesmente vão até o painel do silo, coletam uma amostra, encaminham ao laboratório e, posteriormente, criticam o laudo em função do baixo valor nutricional da silagem. Convido estes profissionais a participarem da escolha do híbrido, acompanhar o plantio e todas as demais etapas que cercam a condução da cultura e a produção da silagem. Silagem de milho exige atenção e dedicação intensa, do início até o fim, ou seja, da escolha do híbrido até o cocho. Há a necessidade de ter uma visão macro do sistema.

 

Portanto, o planejamento agronômico é considerado prioridade no que tange a escolha de um híbrido de milho para silagem. O valor nutritivo do mesmo também tem a sua devida importância, mas deve ser considerado segundo plano. Híbridos que desempenham adequadamente durante a etapa agronômica devem ser preferidos pelos pecuaristas, pois a grande dificuldade de produzir uma silagem de milho está justamente neste período. A ensilagem per se (colheita, compactação e etc) é conhecida pelas fazendas zootécnicas e não traz grandes segredos.

 

A Tabela 1 mostra a variação de produção de forragem e a eficiência econômica de onze híbridos de milho cultivados em Lavras, Sul de Minas Gerais. O custo agronômico foi calculado em função do valor comercial das sementes de cada híbrido, da fertilização (plantio e cobertura), controle de plantas daninhas, bem como da necessidade ou não de aplicação de inseticida e/ou fungicida. Houve uma diferença de 6,4 toneladas de matéria seca/ha entre a menor e maior produção de forragem. Duzentos e noventa e cinco reais por hectare foi a variação do custo agronômico. Estas variações geraram diferentes custo de produção da forragem (R$ 116,9 e 88,2 como máximo e mínimo, respectivamente). A diferente entre o maior e o menor custo resulta em uma diferença de três centavos por kg de forragem produzida. Como o animal ingere alta quantidade de silagem na dieta (~50%), esta diferença (R$ 0,03) pode ser decisiva entre o lucro e o prejuízo em uma propriedade leiteira, por exemplo. Portanto, conhecer o histórico agronômico do híbrido a ser plantado se torna fundamental para as fazendas zootécnicas que pretendem produzir silagem de milho.

 

Tabela 1. Produção de matéria seca e eficiência econômica de 11 híbridos de milho cultivados para a produção de silagem em Lavras, Minas Gerais

Híbrido

Produção

 (ton de MS/ha)1

Custo agronômico (R$/ha)2

Custo da forragem (R$/ton de MS)

1

30,6

2698,5

88,2

2

28,6

2708,2

94,7

3

28,0

2973,2

106,2

4

27,0

2823,2

104,6

5

26,8

2747,2

102,5

6

26,7

2932,2

109,8

7

26,3

2953,2

112,3

8

25,7

2678,2

104,2

9

25,6

2721,1

106,3

10

24,9

2700,1

108,4

11

24,2

2829,3

116,9

1Corte realizado à 25 cm acima do solo. Produção corrigida para 35% de matéria seca.
2O custo representa a soma do valor comercial das sementes, dos fertilizantes, dos herbicidas, dos inseticidas, dos fungicidas e das operações de aplicação. Os custos com inseticidas e fungicidas variaram em função da susceptibilidade de cada híbrido.

Planta de milho atacada pela lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda).

Figura 1. Planta de milho atacada pela lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda).
Foto: Thiago Bernardes

Plantas de milho atacadas pela larva alfinete (Diabrotica speciosa)

Figura 2. Plantas de milho atacadas pela larva alfinete (Diabrotica speciosa).
Foto: Thiago Bernardes

Plantas de milho atacadas por doenças foliares

Figura 3. Plantas de milho atacadas por doenças foliares.
Foto: Thiago Bernardes

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